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A rainha ameaça

A rainha ameaça

Sente-se no ar

O peso nos ombros realça a sua presença.

O cansaço constante, o tremular da caneta, a letra incerta.


A rainha ameaça…


A vista trémula, a falta de força.

A incerteza de tudo, a certeza de nada.


A vida escura…


A vida tal como a água, procura a via mais rápida

E passa. Corre, eu vejo-a correr.

E vejo as oportunidades a dissiparem-se.

Olho em frente… sempre em frente.

Vejo as construções que fiz.

Fecho os olhos…

Vejo as construções que ficarão por fazer, aquelas que ninguém vai ver

Aquelas que jamais ganharão vida, aquelas que ainda habitam a minha mente.


Tomo café…


Seguro a chávena com as duas mãos…

Olhares estranhos voltam-se para mim.

Apetece-me a solidão, apetece-me o vazio…

Apetece-me falar contigo… mas não posso.

Não tenho força nos braços…

Não tenho força na alma…

E o rebento vai buscar força no pânico.


Um dia tudo irá passar…

Voltarei a pintar e a escrever,

Quem sabe… como um louco…

Fugindo a esta realidade que me consome e me agride.


Um dia…


Um dia pintarei e escreverei este dia.

Este dia que uso este caderno para registar as minhas frustrações na corrida em direcção à meta das minhas capacidades.

Este dia em que receio que tudo acabe.

De tantos tempos livres, tempos de ócio que ocupei sem nada fazer à vontade de voltar atrás e tudo mudar.

Deveria ser fácil, deveria ser possível, deveria refazer tudo, uma vez e outra vez e mais uma vez.

Mas não dá, a vida é como um rio… não volta atrás… não admite erros nem ensaios… nada se emenda… resolve-se mais tarde… sempre mais tarde… por vezes… tarde de mais.




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